
As alienações da sociabilidade do capital não perdoam nada nem ninguém, adentram todos os espaços e dimensões do cotidiano – guardadas as devidas mediações. A academia, nesse contexto, na contra-mão daquilo que muitos crentes pregam, é um locus privilegiado no qual prolifera viçosamente tais alienações. Estas produzem as mais tresloucadas teorias – leia-se subterfúgios – acerca da realidade, que em absolutamente nada contribuem efetivamente para a transformação dessa realidade.
Esses desvios, quando muito, alimentam a séria, porém, ingênua militância a seguir firme na tentativa de reformar o capital. Na pior das circunstâncias, atendem somente ao ego e ao lattes de acadêmicos carreiristas. Estes que muito bem sabem surfar a onda das modinhas teóricas, e tornam-se verdadeiras estrelas no palco de uma academia cada vez mais alinhada aos interesses do capital.
Recentemente – mas não tão recente assim –, tem-se observado um tsunami dessas modinhas teóricas, entre elas a pretagogia. O que nada mais é – por mais que seus defensores queram enfeitá-la –, que a negação de teorias da pedagogia que não sejam construtos de autores negros e, consequentemente a negação de autores que igualmente não seja negros ou de Àfrica.
Curiosamente, os defensores dessas esquisitices teórico-pedagógicas são, não raramente, apaixonados por Paulo Freire, sobretudo o da Pedagogia da autonomia. Claro! negão como era Paulo Freire, se encaixa muito perfeitamente no gosto dos pretagogos.
O argumento principal é que os autores da pedagogia são todos brancos, com suas teorias eurocêntricas. Isso por si, seria um motivo para que tais autores e suas concepções de educação e de pedagogia sejam negadas. Não precisa ser nenhum especialista para perceber o quão ridículo é tal raciocínio. Uma teoria pedagógica não deixa de ser melhor ou pior por ser de um autor lá de Angola ou de um Dinamarquês típico. Uma teoria sobre a alfabetização não é mais ou menos avançada em virtude de traços fenótipos de seus autores.
Do mesmo modo, um conhecimento não é mais ou menos científico pelo fato de quem o produziu ser negro, branco etc. Os pretagogos parecem desconhecer que o critério de validade de uma teoria é sempre a realidade, concreta e objetiva.
De modo geral, a modinha do decolonial nas universidades segue rumo parecido. Esta, por sua vez, tem na colonização todos os problemas do mundo. Aqui também se nega a produção de conhecimento que não seja produto de negros africanos.